terça-feira, julho 24, 2018

O Centro e o Redor

Se eu não escrever agora, eu esqueço. E deixo pra lá.
Será que por que "não era importante", como muitos dizem? Eu não sei.
Tem muita coisa que acontece com a gente, e a reação só surge anos depois - desencadeado por acontecimentos presentes que têm uma certa chave pra acionar algo lá atrás. Vá saber.


O centro: lugar que estou acostumada
Onde a minha visão foca
Onde dou destaque aos meus gostos
Onde toca as minhas músicas favoritas
Onde a minha estética é privilegiada

O redor: marginalizações do meu centro
Tudo - que eu já pude experimentar até agora - que desconsidero.
Que não seja importante
E tudo aquilo que ainda não identifiquei em vida
Que não passou pela minha cabeça
Que eu nem imagino que exista
Todos os preconceitos
Toda a minha ignorância sobre qualquer coisa

A questão, talvez seja, a referência.
Considerar uma determinada referência para parametrar importâncias.
O meu centro não é importante em si em relação a tudo que rege o universo, em relação ao universo. As coisas ao redor precisam acontecer, precisam ser. Pois se não fossem essas, tudo que corresponda a minha existência não seria delimitado até me atingir. O centro é o que é pela margem. Um dá sentido ao outro por serem o que são ao mesmo tempo/espaço.





quarta-feira, julho 18, 2018

Chuva Púrpura

A alma vagueia incansavelmente por aí
A alma caça o seu molde
Seu refúgio

Eu choro
Eu choro por muita coisa
Eu choro por ser insuficiente
Eu choro por não me achar
A culpa sempre quer me abraçar

O que eu faço?

As expectativas são combustível e merda
Se eu não as tiver, sou um saco vazio existencial
Se eu as tiver exacerbadamente, eu fico num quarto escuro
Chorando
Cheio de vazio 

Eu não sou a única estranha. Eu não sou estranha.
Tenho tanta carne quanto qualquer um no mundo
Eu sangro como qualquer um no mundo

Qual será a chave que abre a porta da angústia para a minha liberdade?

Fora daqui
Num campo belo
Flores
Um céu bonito
Ventos no meu cabelo

E eu sempre satisfeita, completa, feliz.

sábado, julho 14, 2018

A Vista da Orla

Só sou eu aqui
Pensando em te beijar

E toda carga de energia
Trocada pelos corpos
Do seu passando pro meu
Do meu passando pro seu

Numa tarde quente e gostosa
Sentindo nossos corpos
O sol nos atingindo
Queimando todo pesar e mal entendido

Estamos sadios
Somos fortes

A leveza desse sentimento
Do seu sorriso
Do seu olhar
Da sua voz
Do seu toque
Compõem a paisagem interna da minha paz de espírito

Esse sorriso
Me fortalece
Faz parte do meu interior
Você olha pra mim
E tudo cria sentido

Conjugação
Sua e minha
Minha e sua
Era pra acontecer
Era pra ser
Será pra ser

segunda-feira, junho 11, 2018

Aquarela

Por onde a água passa
Na consistência das coisas
No firmamento
O inevitável acontece

O que fui ontem
Não sou hoje

Estou me desconstruindo
Despedaçando
Esvaindo
Indo

O que é ser?

Vou me diluindo
Fluindo
Com as águas

Que forma terei?

Eu nunca fui um prédio, mas desmoronei.
A cada dia que passa, me sinto diluir
Será que tenho uma essência?

Não traz conforto ser assim.
Quem eu sou? Composições das composições, remendos dos remendos?
As experiências sugam, moldam, fluem, massificam, violentam. Extraíram várias partes. Extraem. Deixam muitas coisas também.
Mas o que eu faço com essas coisas?
Para o que elas servem pra uma Daniella tão inconstante?

sábado, março 24, 2018

Esvaziar

Não tenho pretensão de ter pretensão
Não sou porta-voz de grupos
Não sou porta-voz de mim mesma para outros
Não sou pregadora de uma ideia mirabolante para o mundo achar que sou foda
Não sou a mais bela
Não sou a mais sofrida
Não sou a mais inteligente
Não sou a mais articulada
Não tenho muitas coisas no bolso
Não sou a mais gentil

Ando sobre as pedras
Meus pés estão calejados - de muitos, e de todos!
Por tentativas e erros
Por acertos e passagens
Só quero poder descansar a minh'alma numa esquina favorável

Não quero barulho
Não quero alarde
Só acompanhe meu olhar
Deixe a luz assim
Difusa 



quarta-feira, março 07, 2018

Vale dos Órfãos

A altura que não dá para mensurar quem está do lado de fora
Esse copo sedento de lábios
Brotoejas no pescoço 

Projeções de fantasmas distorcidas na parede
Num quarto vazio escuro 
Sem vozes

Tudo seco

Passado indissolúvel 
Inocência interrompida
Não fui estúpida
Só fui uma criança

Se eu pecar, você não me leva pra casa.

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

Quando estou aqui, quero pertencer 
Quero sentir desde a raiz 
Quero olhar nos seus olhos 
Que me revelam oceanos inexplorados 
E tão profundos 
E tão únicos

Quero ser uma com essa terra que piso 
Com essa paisagem, com esse monte, com esse entardecer 
Que parecem me narrar intimamente 
Com o sol que aquece a minha pele 
E nos ilumina  

Há como ser mais próspera?  

Não se cansa de me manter no topo? Você me quer no topo sempre 
Por que me devora atentamente como se fosse meu último suspiro? 
Não vou dar deslizes
Você não cansa de me dar sua energia 

Eu não me canso. E te entrego a minha.

terça-feira, fevereiro 20, 2018

Por Entre os Dedos

O tempo que eu perco
É o mesmo que você perde

Vamos viver perdendo
Gostamos de insistir nesse fracasso

Porque cômodas suposições resolveram ser mais preciosas pra nós
Porque damos vitalidade a elas com a nossa covardia

Adoramos ser covardes. Admiramos a nossa covardia. Achamos-nos sedutores.

Não importa se eu fumo, se eu bebo
Se eu fumo marijuana
E abstraio essa porra que é seu hesitar incessante

Não vou pular enquanto você não pular.

segunda-feira, fevereiro 19, 2018

A beleza. A força. Os tons que a gente percebe ao redor. Às vezes há esforços pela nebulosidade das circunstâncias ocasionais difíceis da vida , mas estão todos aqui: a beleza, a força, os tons.

O meu fôlego fez sentido hoje. Reparei nas luzes, através da minha janela. Preencheu tanta coisa dentro. O que posso fazer? Eu sou grata! Eu reconheço a gratidão. E a cada dia, tudo fica mais leve. 

Eventuais pesares, cansaços, surgem. Mas é só eu ficar um pouco dentro de mim, que os sentidos emergem.  Acho que não preciso de dicas. O silêncio é suficiente e é capaz de alimentar uma mente ávida por viagens por auto-conhecimento, paisagens nunca vistas, paz de espírito, pássaros livres no céu. Talvez esses sejam dicas.

Acho que cada pessoa é uma nota. Uma nota musical. E quando um grupo é estabelecido, músicas existem. Até quando duas pessoas se juntam, afinal há músicas de duas notas. 
Cada um tem seu tom, sua importância. E a notoriedade é mais perceptível quando estamos diante de ambientes favoráveis ao nosso grau. Mas possivelmente todos são harmônicos devidamente nos seus espaços.  

segunda-feira, fevereiro 05, 2018

Organização. Acho que tem que ser esse o foco.

As ideias conversam dentro da sua cabeça e depois resolver meter o pé. Assim fica difícil também.
Não consigo pensar em nada. Só numa coisa boa que passou.

Mas não fico me lamentando. Me realizei e não me arrependo de nada. Faria tudo de novo. Só não tenho poder sobre humano de transformar situações e pessoas, porque sou... humana. Às vezes gosto de ser humana, às vezes não.

Mas a organização...sim! Essa é a palavra desse ano! Soa mais como aquelas promessas que muitos fazem como meta de ano novo. mas é sério. Vou crescer de forma um pouco radical e dolorida nesse ano. Eu sei que vou ficar bem. 

Ando muito misteriosa? Sei.

Fiquei esse hiato de tempo todo sem escrever. Não vou pedir perdão dessa vez, você vai ter que me perdoar. Fiquei o ano de 2017 encarando uma depressão indigesta. Simplesmente quase tudo deu errado. Trabalho, faculdade na sarjeta. Não tinha como eu pensar. Eu gostaria de ter sido outra pessoa, eu fiz de tudo pra ser outra pessoa, sem depressão, focar nos meus estudos, parar de chorar e sair da cama, mas meu esforço pareceu em vão. 
Lutar contra depressão é lutar todos os dias da sua vida contra algo enorme e invisível. Que, se você deixar, te sufoca aos poucos. Depois você se percebe presa numa teia de aranha. E tem muita culpa, muita dor, muita agonia.
Com ajuda de alguns remédios e conversas com pessoas que verdadeiramente somam na minha vida (algumas têm só a intenção de somar, mas psicologicamente isso não adianta de nada), e umas andanças por aí, tenho dado um passo de cada vez e enxergado  a luz do fim do túnel. Cada passo que eu dou, a luz fica maior. Isso é foda, cara.
Eu sou eu. Ninguém mais vai ter meus registros, minhas assinaturas, o meu jeito. Porque eu sou eu. Eu nasci pra ser mais um respingo, como nas obras de Pollack. De longe, talvez você não perceba a diferença entre um rabisco marrom e um azul. Mas a obra faz sentido num todo como ela foi produzida. Ela tem seu sentido pelo jeito como foi feita, quando foi feita, em que circunstância foi feita, em qual circunstância o artista estava condicionado.
Eu faço sentindo, eu sei. Mesmo não sabendo o meu sentido quando eu o vivo. Quando eu reflito, eu vejo que o tenho. E brilha como a luz do sol, dentro de mim, ter essa consciência existencial.

Tudo faz sentido mesmo quando não faz sentido. A gente aprende no caminho. Acredito que, quando compreendemos o aprendizado, a nossa vida faz sentido. Acho que é isso. E para aprender, eu preciso experimentar. No caminho, a gente entende. Vai entendendo. 

E estou aqui, mais uma madrugada escrevendo. Como nos velhos tempos.
Não é tédio. É a alma querendo se expressar.

Obrigada por me esperar por todo esse tempo. Vai dar tudo certo.